terça-feira, 27 de dezembro de 2011

JOÃO DRUMMOND: Judiciário na encruzilhada

JOÃO DRUMMOND: Judiciário na encruzilhada: Álvaro Quintão (Presidente do Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro) Rio - O Judiciário brasileiro está em uma encr...

Judiciário na encruzilhada

Álvaro Quintão

(Presidente do Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro)

Rio - O Judiciário brasileiro está em uma encruzilhada moral: a magistratura irá apoiar a democratização e transparência do setor, como vem ocorrendo em praticamente todos os segmentos da sociedade, incluindo aí o Legislativo e Executivo? Ou o Judiciário vai estacionar no tempo, até mesmo retroceder socialmente? Infelizmente, parece que a segunda opção, nos últimos dias, vem tomando mais vulto.

Isto é comprovado pelas ultimas atitudes do Supremo Tribunal Federal (STF): o ministro Marco Aurélio Mello concedeu liminar, pedida pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), impedindo o Conselho Nacional de Justiça, o CNJ, de investigar juízes suspeitos de praticarem irregularidades; em seguida, o ministro Ricardo Lewandowski, concedeu liminar, também pedida pela AMB, suspendendo ato da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, que quebrou o sigilo bancário e declarações de Imposto de Renda de magistrados, servidores e familiares, em vários tribunais do país, suspeitos de graves crimes.

Ou seja, o STF praticamente cassou a condição do CNJ de exercer sua principal função: a de fiscalizar o Judiciário, a de exercer o controle externo do Judiciário brasileiro, uma reivindicação da sociedade que vem de décadas.

É verdade que estas liminares serão julgadas no começo de 2012 e podem ser derrubadas pelo plenário do STF. Mas a maioria dos ministros do Supremo vem quase diariamente se colocando contra as ações do CNJ. Dessa forma, há um temor de que seja mantida esta verdadeira cassação dos poderes do CNJ, causando um retrocesso na democracia brasileira.

A frase já famosa da ministra Eliana Calmon, de que existem “bandidos de togas”, não pode ser encarada pelo Judiciário como uma declaração de guerra. Deve ser encarada como um chamado à razão. Ou por acaso o Judiciário está isento da corrupção e outros crimes praticados por seus pares? Melhor faria que o próprio Judiciário apoiasse a transparência em seu seio. Um retrocesso tramado pela própria magistratura seria muito ruim, um desastre mesmo à nossa incipiente democracia, que tanto o povo lutou para conquistar — e vem lutando para manter.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

JOÃO DRUMMOND BLOG: Entre a Privataria Tucana e a Bravataria Petralha

JOÃO DRUMMOND BLOG: Entre a Privataria Tucana e a Bravataria Petralha: Por: Pettersen Filho Livro do qual não li nem uma silaba, portanto, de que desconheço completamente, mas, de antemão, que indico, an...

Entre a Privataria Tucana e a Bravataria Petralha


Por: Pettersen Filho

Livro do qual não li nem uma silaba, portanto, de que desconheço completamente, mas, de antemão, que indico, antes mesmo de o ler, tamanha a pertinência do tema, embora que tardio, necessário não é que se leia, contudo, nem uma linha, por obviedade, para denotar que se trata de um Best Seller Tupiniquim, cujo nome, bem a calhar, “Privataria Tucana”, é uma clara alusão aos devaneios cometidos na Expropriação das Estatais Brasileiras na égide do Governo Fernando Henrique Cardoso , o dito FHC, e o seu “Partido Tucano”, o PSDB , da Roubalheira Geral .

De Renomada Técnica Redatória, até pelo seu Autor, o Jornalista Investigativo Amaury Ribeiro Junior, segundo primeiras criticas que nos chegam, só faltou vestir-se de Sherlock Homes, na sua sanha inquisitória, ao debruçar-se sobre as tramas que enredaram a “Privatização” do Capital Popular Brasileiro, em favor das “Velhas Águias” do Capitalismo Tupiniquim, e Internacional, transladando Escrituras, Contra tos, escritos e não escritos, revelando verdadeira Jogatina.

Tarefa, contudo, que não deve ter sido das mais árduas, já que sequer deram-se ao trabalho de “Esconder”, profundamente, Acordos Espúrio s que objetivavam Espoliar o Brasil, na onda da “Globalização” e do “Neoliberalismo”, tão ansiosamente abraçados pelo “Estudioso” FHC, muito mais pelas Altas Cifras que proporcionou aos seus “Amigos” no Poder, e Puxa-sacos de Plantão, do que pela pressuposta, simples, “Ideologia”, estampada no Pseudo intelectual/FHC, como era de se supor, a “Obra”, no entanto, desde o primeiro momento abraçada como uma espécie de “Bíblia” pelos atuais “Detentores” do Poder, o PT – Partido dos Trabalhadores, e seus Asseclas, sempre prontos a sacar um “Salmo” ou “Versículo” qualquer, citando-os ao Primeiro Transeunte menos atento, isso, Oito Anos Depois do Governo Lula, e em pleno Governo Dilma Roussef, uma espécie anômala de “Terceiro Mandato Lula”, que, a época, tudo viram, ouviram e presenciaram, mas, contudo, todavia, porém, nada fizeram para Estancar a Sangria, ou “Tirar a Limpo tal História”, hoje, apresentada sob os atuais Holofotes do Poder, como “Obra Prima” do Materialismo Histórico Petista, como um paradoxo do “O Capital”, de Karl Marx, prestes a desvendar o Mundo, ateando-lhe o “Fogo” da Revolução.

Contudo, todavia, porém, sem que haja, naturalmente, sido essa a “Intenção” do Jornalista, Técnico e Profissional, fico, já, a imaginar, surgisse depois, oito ou dez anos do atual Governo Dilma, aqueles que, noutra égide, reportando-se a “Política Administrativa” do PT, quando Lula no Poder , do Mensalão e do PAC – Plano de Aceleramento do Crescimento, do Bolsa Família, e outras “Bravatas”, tipo “Analgésico Social”, mais próximas a Falácia, ou, no Popular:” Conversa para Boi Dormir”, ao invés de Implantar as necessárias Reformas: Política, Tributária, Eleitoral , ou tantas outras, apenas discursou, discursou, discursou, e, discursou...

É que, Perdoe-me o Digno Jornalista, quanto ao “Livro” de que só conheço a Bela Capa, mas, necessário não é que se leia , bastando que rememoreis as condições em que foram realizadas as tais “Privatizações”, com Bolsas de Valores cercadas por Tropas da Polícia Militar Tucana, de um lado, e Sindicatos Petistas na Rua, de outro lado, com Salutares Empresas Estatais sendo “Vendidas”, até por R$1,00 (Eletrobras, Siderbrás, Telebras, Embratel e outras “Jóias da República”), ou, noutro âmbito, por Muitos Milhões de Reais, nesse caso, “Financiadas” pelos Cofres Públicos, ou pelo BNDES, a fundo perdido, dos quais foram os “Beneficiarios”, por exemplo, o Ex-governador Tasso Gereissat, e seus “Amigos no Poder”...

Mas é que não me sinto, nem um pouquinho melhor, diante do “Único Universo Possível” que nos vende a Mídia Política Tupiniquim de só haver alternativa:

Ou se é Salvo, no “Céu Azul/Estrelado” pintado pelo PT, de Lula e seus “Petralhas, ou se Arde para sempre nas “Chamas Flamejantes do Inferno”, concebido por FHC, e a sua “Privataria Tucana”, ou vice-versa.

É que, me perdoem os Crédulos, e o Digno Jornalista, definitivamente, não acredito em tal Salvação!

Será que estamos, mesmo, para sempre Amaldiçoados, entre Um e Outro?

Será que não há, no Brasil, realmente, Salvação Possivel, longe do PT ou dos Tucanos??? Ou Vice-versa?

Valha-nos Deus!

ANTUÉRPIO PETTERSEN FILHO é Advogado Militante e ASSESSOR JURÍDICO da ABDIC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DEFESA DO INDIVÍDUO E DA CIDADANIA além de EDITOR do Periódico Eletrônico JORNAL GRITO CIDADÃO



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

JOÃO DRUMMOND BLOG: De Político e de Larápio... Cada qual com seu card...

JOÃO DRUMMOND BLOG: De Político e de Larápio... Cada qual com seu card...: Alguns países são conhecidos como paraísos fiscais, pela legislação que favorece o aporte de capitais sem identificação de origem e natu...

De Político e de Larápio... Cada qual com seu cardápio


Alguns países são conhecidos como paraísos fiscais, pela legislação que favorece o aporte de capitais sem identificação de origem e natureza. Ilhas Cayman, Ilhas Jersey dentre outros entraram definitivamente nos noticiários relativos à corrupção envolvendo política e capital.
O Brasil vem sendo chamado de paraíso da impunidade, pelo fato de contar com uma legislação branda e um judiciário ineficiente e lento, capaz de acolher generosamente uma infinidade de recursos, lançando para um futuro incerto e desconhecido as batidas definitivas do “martelo judicial”.
Parece que para alguns tipos de crime o “transito em julgado” é uma ficção. Vivemos desta forma um paradoxo. Presídios e cadeias sempre abarrotados, apenados andando livremente pelas ruas e processos judiciais sendo corroídos por traças e mofo nos depósitos de fóruns.
O Brasil inventou o “jeitinho brasileiro” de resolver seus problemas, e esta busca de atalhos, este empurrar com a barriga ganhou tradição e escola a partir da nossa viciada política.
A política é um marcador importante da vida de uma nação. A partir dela se gera soluções publicas e exemplos coletivos. Tradicionalmente a ética não tem sido o forte de nossa política, mesmo quando o Brasil colônia já ensaiava seu vôo solo e construía sua identidade como Nação.
A flexibilidade ética não é uma prerrogativa de nenhum partido em especial, mas da política como um todo. O sistema é podre de nascença.
Mesmo partidos que tem a ética como bandeira, só a utilizam como tal e não como uma norma de conduta. Discute-se muito entre estes partidos qual corrupção é melhor ou pior, como se corrupção pudesse ter graduação e qualidade diferenciada.
Talvez o grande diferencial destes nossos tempos seja que está cada vez mais difícil se manter escondido o mal feito.
Se de um lado as câmeras e os celulares prosperam com testemunhas eletrônicas, inquestionáveis (nem sempre aceitas pela dona justa), a sensação de banalização do crime, próspera também num entorpecimento na consciência coletiva, que acata cada vez mais a tese de que o crime é tão comum e banal quanto inevitável.
Vem-me a memória a celebre frase do Barão de Itararé: “Ou se restaure a moralidade ou nos locupletemos todos”.
Diante deste “abalo na força” Não há Luke Skywalker nem Gedi, muito mesmo espada de fogo que salve a republica das bananas.
A tentação é grande e as chances de se prosperar no ilícito são consideráveis, a ponto de quebrar no sujeito trabalhador honesto suas convicções sobre o trabalho duro e paciente para se ganhar a vida.
Dentro deste pacote de maldade que vivemos “quem poderá nos defender?”. Quem sabe o Chapolim Colorado, ou alguns destes heróis das limonadas televisivas, que nos mantém entretidos em universos paralelos de honra e inocência, nos livrando por breves momentos de nossos quebra-cabeças existenciais e de questionamentos na maioria das vezes inúteis e infrutíferos, como este artigo por exemplo.
O Supremo já demonstrou varias vezes que, como guardião da constituição, não tem vocação de ousadia e coragem para restaurar aquela moralidade a que referia o Barão de Itararé.
Dentro da estrutura da republica seu papel esta muito mais para endossador e homologador dos desvios de conduta, ao interpretar de forma conservadora e cautelosa as letras da lei.
Ao se valer desta cautela excessiva pecam pelo outro lado, na demora da aplicação do remédio legal.
Neste meio tempo muitos resolvem se arriscar na segunda opção oferecida pelo Barão, se locupletando como podem, deixando este negócio de ética para os heróis dos programas infantis.


                                                                                  João Drummond


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

JOÃO DRUMMOND: Brasil Aceita comissão sobre caso Battisti

JOÃO DRUMMOND: Brasil Aceita comissão sobre caso Battisti: O Brasil acatou a proposta da Itália para evitar que o caso seja levado a julgamento no Tribunal de Haia Brasília. O governo brasileiro at...

Brasil Aceita comissão sobre caso Battisti


O Brasil acatou a proposta da Itália para evitar que o caso seja levado a julgamento no Tribunal de Haia

Brasília. O governo brasileiro atendeu aos apelos da Itália e aceitou formar uma comissão de conciliação para discutir por vias diplomáticas o caso do italiano Cesare Battisti. A medida é uma forma de tentar evitar que a decisão do Brasil de não extraditar Battisti seja julgada pelo Tribunal de Haia.

O acerto foi feito na semana passada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o colega italiano Franco Frattini durante conversa na reunião da Assembléia Geral da ONU, em Nova York.

A comissão estava prevista na Convenção sobre Conciliação e Solução Judiciária entre o Brasil e a Itália, assinada em 1954 pelos dois governos. O grupo será composto por um italiano, um brasileiro, além de um indicado de um país neutro. A idéia é que se encontre uma solução jurídica amigável. Um relatório será produzido após quatro meses.

Cada país terá ainda mais três meses para se pronunciar sobre o documento. O relatório não terá caráter de sentença.

Ex-integrante do Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ele foi condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos ocorridos nos anos 1970 na Itália.

O acordo prevê que se a comissão não tiver um consenso, o caso será encaminhado para Haia. "Se uma das partes não aceitar as propostas da Comissão de Conciliação ou não se pronunciar a respeito qualquer delas poderá solicitar que a controvérsia seja submetida à Corte Internacional de Justiça".

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

JOÃO DRUMMOND: Seja um Agente de Leitura e faça sua inscrição até...

JOÃO DRUMMOND: Seja um Agente de Leitura e faça sua inscrição até...: Trata-se de um trabalho de 25 horas semanais, durante 12 meses. Suely de Aguiar A Secretaria de Estado da Educação (SED), uma das seis in...

Seja um Agente de Leitura e faça sua inscrição até 21 de outubro


Trata-se de um trabalho de 25 horas semanais, durante 12 meses.

Suely de Aguiar

A Secretaria de Estado da Educação (SED), uma das seis instituições integrantes do Comitê Estadual de Gestão e Acompanhamento do Programa Mais Cultura, informa aos jovens que já concluíram o ensino médio, que estão abertas até 21 de outubro, as inscrições para atuarem como agentes de leitura em onze municípios catarinenses. Os selecionados receberão de uma bolsa de R$ 350,00 mensais, durante um ano, e terão direito a uma bicicleta e uma mochila com vários livros para realizarem visitas às famílias, escolas, biblioteca e pontos de leitura e cultura.

No total, serão escolhidos 100 agentes dos quais 45 farão parte de um cadastro de reserva. Também serão selecionados onze articuladores de leitura, totalizando 55 bolsas de complementação de renda. “Se você gosta de ler e de conversar sobre o que leu, então leia isto e converse com todo mundo: O ministério da Cultura está lançando o programa Agentes de Leitura Feito para você”, diz um dos slogans do material publicitário.

Publicado pela Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o edital de seleção de número 012/2011 está à disposição site www.fcc.sc.gov.br. Dúvidas poderão ser esclarecidas, assim como informações adicionais poderão ser obtidas no endereço eletrônico agentesdeleitura@fcc.sc.gov.br ou pelos telefones (48) 3953-2302 e 3953-2348.

Os interessados deverão enviar proposta à FCC com os documentos e formulários relacionados no edital, devidamente preenchidos e assinados. Entre os critérios para serem agentes de leitura estão: ter concluído o ensino médio, ter entre 18 e 29 anos e residência física em um dos oze municípios definidos pela Fundação.

A inscrição poderá ser feita via postal, por Sedex ou carta registrada, ou mediante entrega no Protocolo da FCC, em envelope lacrado, entre 13 e 19 horas, de segunda à sexta-feira, constando no envelope: Fundação Catarinense de Cultura – FCC- Edital Agentes de Leitura do Programa Mais Cultura – Consultoria de Projetos Especiais – Avenida Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, CEP – 88025-202, Florianópolis, SC.

Programa Mais Cultura – Foi instituído pela Presidência da República, por meio do Decreto 6.226, de 4 de outubro de 2007.
Objetivos – Ampliar o acesso aos bens e serviços culturais e meios necessários para a expressão simbólica, promovendo a auto-estima, o sentimento de pertencimento, a cidadania, o protagonismo social e a diversidade cultural.
Qualificar o ambiente social das cidades e do meio rural, ampliando a oferta de equipamentos e dos meios de acesso à produção e à expressão cultural.
Gerar oportunidades de trabalho, emprego e renda a trabalhadores, micro, pequenas e médias empresas e empreendimentos da economia solidária no mercado cultural brasileiro.

Agentes de Leitura – Os selecionados deverão ter habilidades para a ação e difusão cultural, visando a atuação nas comunidades como agentes de leitura, com a finalidade de colaborarem com o desenvolvimento humano, por meio do acesso aos bens de serviços culturais em cidades de Santa Catarina.

Comitê de Gestão e de acompanhamento do projeto – Fundação Catarinense de Cultura; Secretarias de Estado de Turismo, Cultura e Esporte e da Educação; Assembléia Legislativa; Conselho Estadual de Cultura; Federação Catarinense de Municípios; e Ministério da Cultura.




quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Battisti - Do Banditismo ao Terrorismo

Sobre Cesare Battisti, um excelente texto de Anthony Daniels


Bolívar Lamounier

Em seu número 7, de junho deste ano, a revista Dicta e Contradicta [WWW.dicta.com.br] traz um magnífico artigo sobre o affair Cesare Battisti. O autor é Anthony Daniels, um escritor e psiquiatra inglês que trabalhou durante muito tempo na África e atualmente clinica em Londres e na penitenciária de Birmingham.

Cesare Battisti, para quem não se lembra, foi militante de um grupo terrorista italiano, os Proletari Armati per il Comunismo; é acusado de dois assassinatos e cumplicidade em mais dois. Procurado na Itália, ele fugiu para a França, de lá para o México, outra vez para a França e da França para o Brasil, tendo aqui passado alguns anos na prisão.

Em dezembro de 2010, num de seus últimos atos oficiais, o então presidente Lula negou-se a extraditá-lo para a Itália. A justificativa oficial, como se recorda, foi a de que a Itália não teria como garantir a integridade de Battisti quando o recolhesse a uma de suas prisões.

O grotesco de tal justificativa salta aos olhos, mas Anthony Daniels teve paciência para refutá-la ponto por ponto. “Apesar de suas múltiplas carências políticas – ele escreveu –, a Itália permanece uma democracia liberal onde as pessoas não temem batidas à sua porta durante a madrugada nem serem presas arbitrariamente”.

Prosseguindo, Daniels relata a vida de Battisti, remontando às duas primeiras passagens dele pela prisão: uma por furto, aos 17 anos, e outra por assalto à mão armada, aos 20. E foi na prisão que ele se converteu ao marxismo revolucionário, sob a influência de Arrigo Cavallina, filho de uma família abastada. Foi assim que “ele passou, sem solavancos, do banditismo ao terrorismo”.

Não vou resumir todo o artigo para não estragar o apetite de seus eventuais leitores, mas não posso deixar de citar algumas passagens. Referindo-se à mobilização de certo sentimentalismo pelos defensores de Battisti, tanto na França como aqui, Daniels toca num ponto sumamente importante:

“[O sentimentalismo associado à violência política de esquerda é, evidentemente, uma enfermidade ocidental, cuja manifestação mais óbvia é o culto a Ernesto Guevara, tomado com demasiada leviandade como símbolo da aspiração da juventude à liberdade”...]. A única liberdade pessoal que ele valorizou em toda a sua vida foi a sua própria”.

Mais adiante, após relembrar o relativo sucesso de Battisti como escritor, Daniels põe o dedo no nariz de certa camada ilustrada francesa: um fator de reforço à corrente de opinião contrária à extradição é que Battisti se tornara um letrado; na França essa condição se beneficia de uma espécie de extraterritorialidade “quanto ao reino mundano das obrigações legais. Fosse ele sapateiro ou vendedor de vinhos, seria muito improvável que tivesse uma defesa tão veemente”.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

JOÃO DRUMMOND: ONG finca 594 vassouras na praia em ato contra cor...

JOÃO DRUMMOND: ONG finca 594 vassouras na praia em ato contra cor...: Um total de 594 vassouras, que representam cada um dos 81 senadores e 513 deputados brasileiros, foram fincadas por uma ONG na praia de Cop...

ONG finca 594 vassouras na praia em ato contra corrupção


Um total de 594 vassouras, que representam cada um dos 81 senadores e 513 deputados brasileiros, foram fincadas por uma ONG na praia de Copacabana para pedir ações contra a corrupção.
Um cartaz com o pedido "Congresso Nacional, ajude a varrer a corrupção do Brasil" explicava a razão do manifesto, que chamou a atenção de várias pessoas que passavam pelo local.
As vassouras, com o cabo pintado de amarelo e as cerdas verdes, ocuparam uma extensa área da praia. Duas vassouras colocadas junto a dois baldes faziam referência ao formato da sede do Congresso Nacional.
A manifestação acontece uma semana após a presidente Dilma Roussef aceitar a renúncia do quarto ministro em nove meses de governo devido a denúncias de corrupção.
Apesar da imprensa se referir ao afastamento dos ministros como uma campanha para varrer a corrupção, a presidente afirma que não se trata de uma iniciativa específica, porque sua posição contra os desvios de recursos públicos é permanente, e não temporária.
A manifestação foi organizada pela ONG Rio de Paz, que costuma realizar atos contra a violência. Em um deles, milhares de cruzes foram colocadas na praia de Copacabana, para lembrar as vítimas da violência no Rio.
O líder da organização, Antonio Carlos Costa, disse que o objetivo do novo ato é conscientizar a população para que exija uma maior transparência na utilização de dinheiro público, já que os desvios são responsáveis pela morte de milhares de brasileiros sem acesso a saúde.
"Nós precisamos inaugurar uma nova fase no nosso país, marcada por um controle social maior das ações do Legislativo e do Executivo, porque hoje esse controle está sendo mediado apenas pelos partidos políticos, que se reúnem e tomam suas decisões, enquanto o povo observa de braços cruzados", afirmou a jornalistas.
Uma nova manifestação contra a corrupção está prevista para esta terça-feira no Rio de Janeiro. É esperada a participação de centenas de pessoas que já confirmaram presença nas redes sociais.
"É um movimento pacífico para mobilizar a população até vermos essa quantidade absurda de dinheiro ser canalizada para obras de infra-estruturar, escolas, assistência médica, entre outras", acrescentou Costa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Battisti à Sombra da Bandeira Brasileira


BATTISTI x HAIA: GRANDE IMPRENSA JÁ EXPÕE BLEFE ITALIANO

Desatento, não percebi que O Estado de S. Paulo publicou na 5ª feira passada (15) uma notícia muito esclarecedora sobre a buffonata berlusconiana de fingir, para efeito doméstico, que a decisão soberana do Brasil no Caso Battisti poderá ser revertida em Haia.

Carlos Lungarzo já em janeiro esclarecia, de forma irrefutável, que isto é impossível. E eu, reconhecendo-lhe a expertise no assunto, endossei sua análise desde o primeiro momento.

Mais uma vez, ambos colocamo-nos anos-luz à frente da grande imprensa brasileira, que só agora chega onde estamos há oito meses: "Não há nada que obrigue o Brasil a acatar qualquer decisão de Haia". Ou seja, tudo não passa de jogo de cena de maus perdedores.

Este texto foi extraído do blog

NÁUFRAGO DA UTOPIA

Um blogue que defende a justiça social, a liberdade, os direitos humanos e o exercício do pensamento crítico: o jornalista e escritor Celso Lungaretti comenta os acontecimentos diários.


Vamos ao que interessa:

Achei este texto, de uma arrogância e prepotência abaixo de qualquer critica.

A primeira pérola foi achar que uma vontade expressa do Estado Italiano, de aplicar justiça em um seu concidadão acusado de vários assassinatos em terras italianas, é um blefe, e que a do Brasil de lhe conceder asilo político uma decisão soberana.
No mínimo, para ser isento, seria de bom tom considerar as duas decisões soberanas, ou quem sabe dois blefes.
A segunda á se adiantar a decisão de um tribunal internacional ao acolher denuncia de um seu signatário (Itália) por quebra de contrato de outro signatário (Brasil).
Quem tem que resolver com quem está a razão é exatamente a Corte de Haia, guardiã dos acordos internacionais que ali foram selados por governos soberanos e não por lideres bufões e ufanistas.
Dizer que não há nada a obrigar o Brasil a acatar qualquer decisão de Haia, equivale a transformar acordos internacionais em papel higiênico, e acho que precisaríamos de um plebiscito para saber se o povo brasileiro e não meia dúzia de aloprados temporariamente no poder assinam e endossam esta decisão.
A mais impressionante prova de insanidade é dizerem-se anos-luz da imprensa brasileira, apenas por que expressam opiniões diferentes das suas.
A decisão de manter Battisti em solo brasileiro se deu em foro muito restrito (leia-se Tarso Genro/Lula), e o Supremo apenas considerou que a decisão presidencial (equivocada ou não) deveria ser respeitada.
Nunca se entrou no mérito da questão central, quanto à possível autoria dos crimes, de que Battisti é acusado, mesmo porque todas as provas e documentos estão de posse da justiça italiana.
E considerar maus perdedores aqueles que, (com razão ou não) buscam o consolo legal por crimes de morte, mostra bem a natureza de quem estar a zombar sobre os túmulos das vitimas de Battisti, sob a sombra da bandeira Brasileira, (Ou elas são também blefe do governo italiano?)
Mais ainda se consideramos que este jogo está apenas começando, e que Haia não poderá deixar de ouvir o que a Itália tem a dizer, mesmo que seja para depois aplicar ou negar uma condenação moral,
E ainda que Battisti aqui permaneça (até que mude o governo e seu direcionamento político), o preço a pagar pelo Brasil no caso de condenação, (mesmo que só moral), poderá ser muito alto e nenhuma atitude buffonata e ufanista poderá mudar isto.


João Drummond

domingo, 18 de setembro de 2011

A Corrupção é o Novo Câncer da Humanidade - Dalai Lama

Dalai Lama prega secularismo moral para milhares de pessoas em SP


SÃO PAULO. Em palestra pública para milhares de pessoas na manhã deste sábado, o Dalai Lama, líder tibetano do budismo, afirmou que, aos 67, já está próximo de dar seu adeus, e insistiu no legado da moralidade secular como forma de promover o entendimento e a paz no mundo nas próximas gerações.
Segundo ele, a religiosidade é uma questão de foro íntimo e cada um deve escolher a crença que melhor lhe couber, inclusive nenhuma. Mas os indivíduos e o sistema educacional devem cultivar valores maiores, em vez de buscar apenas o conhecimento e o avanço material.
À tarde, o último compromisso do líder religioso no Brasil será uma palestra no Sheraton WTC sobre o cultivo das emoções positivas, na qual está confirmada a presença do ex-jogador de futebol, Ronaldo, e sua mulher, Bia. Na quinta ele havia se reunido com empresários e, na sexta, participou de um simpósio científico.
Tenzin Gyatsu, o 14º Dalai Lama, foi recebido com aplausos hoje no pavilhão de convenções do Anhembi, em São Paulo. Porém, a recepção ao prefeito Gilberto Kassab foi menos calorosa: muitos vaiaram o político, que foi receber o katag (lenço branco oferecido em saudações budistas).
No meio de seu discurso, o próprio Dalai perguntou ao público se havia muita corrupção no Brasil e em São Paulo, ao que boa parte reagiu com braços abertos e gritos de "muita" e "very much"!
— A corrupção é como um novo câncer da humanidade. Ela se alastrou pelo ocidente e oriente. A corrupção foi crescendo ao lado do avanço material. Como é a situação no Brasil e em São Paulo? Ela existe? - perguntou o Dalai Lama, que também quis saber da platéia sobre a distribuição de renda no país.
Porém, a mensagem que o líder budista quis imprimir foi a de um legado de secularismo, ao qual fez uma única ressalva, o "secularismo enviesado do comunismo", em alusão à China, que ocupa sua terra natal, o Tibete.
— Há muitos aqui que têm entre 20 e 30 anos. Minha geração está pronta para dizer tchau e ir embora. Mas vocês que são a geração deste século e precisam assumir a responsabilidade e encontrar uma forma para criar um mundo pacífico e compassivo - disse.
O líder explicou que a maior parte da população mundial hoje não está ativamente engajada em práticas religiosas. Portanto, para cultivar bons valores morais, o secularismo seria o mais adequado, apesar de ele defender o espírito de "renúncia" das religiões teístas e os princípios de promoção dos bons atos das tradições não-teístas, como o budismo.
-- Grande parcela da humanidade não tem interesse por uma fé religiosa. Essa é a realidade. Se uma pessoa tem uma crença, isso é questão de foro intimo. Mas não podemos negar que os não-crentes também fazem parte da humanidade. Para eles, a paz interior, a felicidade e a alegria também são valores importantes (...) O cultivo de valores internos formam a base da vida feliz. Isso deve ser feito através da educação, não pela pregação (religiosa). É importante que esses conceitos tenham abrangência universal -- disse o Dalai Lama.
— Precisamos ensinar, do jardim de infância até a faculdade, que a moralidade é o caminho da felicidade. O sistema educacional moderno presta somente atenção no desenvolvimento do cérebro e não o desenvolvimento moral - completou.
Ele também citou a Guerra no Afeganistão como um exemplo de que os caminhos da violência são infrutíferos e passou a pregar pela desmilitarização mundial, que segundo ele começa com o "desarmamento interno".
— Para que se possa alcançar um desarmamento externo, precisamos fazer um desarmamento interno. A raiva, o ódio, o medo e a ganância são as causas primeiras da violência. É importante prestar mais atenção ao nosso mundo interno emocional. A partir da nossa capacidade de lidar com essas emoções negativas, podemos levar o desarmamento externo a acontecer.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

JOÃO DRUMMOND: Exclusivo! Lula Ameaça e Ataca Militares

JOÃO DRUMMOND: Exclusivo! Lula Ameaça e Ataca Militares: Diante da reação negativa dos militares à escolha de Celso Amorim para comandar o Ministério da Defesa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da ...

Exclusivo! Lula Ameaça e Ataca Militares

Diante da reação negativa dos militares à escolha de Celso Amorim para comandar o Ministério da Defesa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os militares descontentes com a nomeação. “Eu não sei se cabe a esses militares gostarem ou não gostarem”, disse Lula, que está na Colômbia. “Ela (a presidente Dilma Rousseff) é a chefe suprema das Forças Armadas, indicou o ministro e acabou, não se discute. Estou c… e andando para esses caras (os militares) . No meu governo, tiveram que me aguentar e viviam me enchendo o saco pedindo migalhas de reajuste. Pediam uma coisa, eu enrolava e nunca dava o que eles pediam; depois dava uma esmola qualquer e não me sacaneavam mais. Não tenho medo deles; nunca tive.”

Lula acrescentou que as pessoas precisam entender que, uma vez nomeado, um novo ministro precisa assumir e começar a trabalhar “para ver se vai fazer ou não vai fazer o que precisa ser feito”. Para Lula, a presidente escolheu bem, não há nome melhor e, quanto à competência de Amorim, “é o homem ideal, no cargo certo. Ele vai dar um jeito naquele troço (MD). “Amorim estará qualificado para ocupar qualquer pasta".


terça-feira, 13 de setembro de 2011

JOÃO DRUMMOND: O Mensalão (Que Nunca Existiu) ?????

JOÃO DRUMMOND: O Mensalão (Que Nunca Existiu) ?????: Defesa de Marcos Valério diz que mensalão não existiu e culpa PT por possíveis irregularidades A defesa do publicitário Marcos Valério rea...

JOÃO DRUMMOND: O Mensalão (Que Nunca Existiu) ?????

JOÃO DRUMMOND: O Mensalão (Que Nunca Existiu) ?????: Defesa de Marcos Valério diz que mensalão não existiu e culpa PT por possíveis irregularidades A defesa do publicitário Marcos Valério rea...

O Mensalão (Que Nunca Existiu) ?????


Defesa de Marcos Valério diz que mensalão não existiu e culpa PT por possíveis irregularidades

A defesa do publicitário Marcos Valério reafirmou, nas alegações finais encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o Mensalão não existiu. O suposto esquema de compra de votos de parlamentares foi revelado em 2005. Dois anos depois, o STF aceitou denúncia contra 40 réus (um morreu e outro fez acordo com o Ministério Público).
Agora, a ação penal sobre o caso está em fase final. Hoje foi o último dia para que os 38 réus apresentassem defesa antes do voto do relator, ministro Joaquim Barbosa.

Não fiquei surpreso. Desde que descobri ainda na infância que Papai Noel nunca existiu, não me surpreendo ao descobrir que coisas em que todo mundo acredita nunca existiram.
Mas achei uma grande sacada esta do carequinha mineiro, e operador do Mensalão (que nunca existiu).
Percebi logo que estas alegações da defesa de Marcos Valério podem servir para todo tipo de crime.
O Juiz chega para um assassino profissional e pergunta solene:
—Você matou fulano?
Ao que o assassino contumaz responde com ar de tédio.
— Não, fulano nunca existiu.

Você leitor, pode ver a preciosidade deste argumento? Corta atalho nos processos, encurta e barateia a aplicação da justiça. Porque MV não pensou nisto antes, lá em 2005 quando o Mensalão (que nunca existiu) foi revelado?
Porque todos os transtornos em tempo e recursos gastos num processo de 322 páginas sobre uma coisa que nunca existiu?

Mas a defesa pode fazer mais. Pode dizer que Marcos Valério nunca existiu. Mauricio Marinho nunca existiu, Joel Santos Filho nunca existiu. Não vamos ser econômicos e mesquinhos, nem Roberto Jefferson existiu. Muito menos o 40 réus citados na época, como beneficiários do Mensalão existiram.
Este argumento resolve todos os problemas do mundo, pois que nunca existiram financiamentos ilícitos de campanha, nunca existiu corrupção e corruptos.
De repente somos todos prisioneiros da Matrix e tudo porque lutamos e acreditamos não passam de alucinações, mundos imaginários, coisas que nunca existiram, mas que nos consomem tempo e energia por uma vida inteira.
Quem sabe não somos todos loucos Dom-quixotes lutando contra moinhos de vento e dragões imaginários, viajantes e náufragos das nossas utopias sem sentido e sem razão?

A defesa de Marcos Valério nem se dá ao trabalho sofisticar seus argumentos para serem apresentados como alegação final ao Supremo. Afinal existe sempre a possibilidade do Supremo nunca ter existido. Vamos que cola.
Outros absurdos já colaram antes lá na Casa dos Guardiões da Constituição, dando-nos a impressão que o Supremo nem estava ali.
A alegação de Marcos Valério é uma evolução em relação a frase de Paulo Maluf que “nem estava lá”, ou de Lula que “não sabia de nada”. Temos que admitir que o carequinha tem topete.
E fica o medo e a desconfiança de que o Supremo caia em mais esta esparrela e afirme de vez que a justiça nunca existiu naquela casa. É esperar para ver.
Para quem tem tempo e saco aqui vai a história do Mensalão que nunca existiu, mas que tanto prejuízo provocou ao Brasil.


                                                              João Drummond




O Mensalão (Que Nunca Existiu)???????


No dia 14 de maio de 2005, aconteceu a divulgação pela imprensa, de uma gravação de vídeo, na qual o ex Chefe do DECAM/ECT, Maurício Marinho, solicitava e também recebia vantagem indevida para, ilicitamente, beneficiar um falso empresário - na realidade o advogado curitibano Joel Santos Filho.
O denunciante da corrupção, que para colher prova material do crime, faz-se passar por empresário - interessado em negociar com os Correios.
Na negociação então estabelecida com o falso empresário, Maurício Marinho expôs, com riqueza de detalhes, o esquema de corrupção de agentes públicos existente naquela empresa pública, conforme se depreende da leitura da reportagem divulgada na revista Veja, com a capa "O vídeo da corrupção em Brasília", Edição de 18 de maio de 2005, com a matéria “O Homem Chave do PTB”, referindo-se a Roberto Jefferson, o homem por trás do esquema naquela estatal.
Segundo o Procurador Geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, na Denúncia Oficial que apresentou e foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal, o ex Deputado Federal Roberto Jefferson, então Presidente do PTB, acuado, pois o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público, com a divulgação do vídeo feito por Joel Santos Filho estava focado, em um primeiro momento, em dirigentes dos Correios indicados pelo PTB, resultado de sua composição política com integrantes do Governo, divulgou, inicialmente pela imprensa, detalhes do esquema de corrupção de parlamentares, do qual fazia parte, esclarecendo que parlamentares que compunham a chamada "base aliada" recebiam, periodicamente, recursos do Partido dos Trabalhadores em razão do seu apoio ao Governo Federal, constituindo o que se denominou como "mensalão".
O neologismo mensalão, popularizado pelo então deputado federal Roberto Jefferson em entrevista que deu ressonância nacional ao escândalo, é uma variante da palavra "mensalidade" usada para se referir a uma suposta "mesada" paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo. Segundo o deputado, o termo já era comum nos bastidores da política entre os parlamentares para designar essa prática ilegal.
A palavra "mensalão" foi então adotada pela mídia para se referir ao caso. A primeira vez que a palavra foi grafada em um veículo de comunicação de grande reputação nacional ocorreu no jornal Folha de S.Paulo, na matéria do dia 6 de junho de 2005.
A palavra, tal como ela é, foi utilizada também na mídia internacional sempre acompanhada de uma pseudo-tradução. Em espanhol já foi traduzida como "mensalón" e em inglês como "big monthly allowance" (grande pagamento mensal) e "vote-buying" (compra de votos).
Entre 22 a 27 de agosto de 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF), o tribunal máximo do Brasil, iniciou o julgamento dos quarenta nomes denunciados pelo Procurador Geral da República, em 11 de abril de 2006.
O STF recebeu praticamente todas as denúncias feitas contra cada um dos acusados, o que os fez passar da condição de denunciados à condição de réus no processo criminal, devendo defender-se das acusações que lhes foram imputadas perante a Justiça e, posteriormente, devendo ser julgados pelo STF.
No dia 14 de setembro de 2005, o mandato de Jefferson, o delator do esquema, foi cassado, perdendo seus direitos políticos por oito anos; enquanto, os deputados acusados que conseguiram se reeleger nas eleições de 1º de outubro de 2006, poderão enfrentar mais um processo de perda de mandato.
Foi descoberto em julho de 2008, durante uma investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas, que o Banco Opportunity foi uma das principais fontes de recursos do mensalão. Através do Banco Opportunity Daniel Dantas era o gestor da Brasil Telecom, controladora da Telemig e da Amazonia Telecom.
As investigações apontaram que essas empresas de telefonia injetaram R$ 127 milhões nas contas da DNA Propaganda, administrada por Marcos Valério, o que, segundo a PF, alimentava o Valerioduto, esquema de pagamento ilegal a parlamentares.
A Polícia Federal pôde chegar a essa conclusão após a Justiça ter autorizado a quebra de sigilo do computador central do Banco Opportunity.
Em 2011, já depois do fim dos dois mandatos do presidente Lula, relatório final da Polícia Federal confirmou a existência do mensalão.
O documento de 332 páginas foi a mais importante peça produzida pelo governo federal para provar o esquema de desvio de dinheiro público e uso para a compra de apoio político no Congresso durante o Governo Lula.
Dias depois, o real relatório veio à público mostrando que o documento não se tratava de um relatório final da Polícia Federal e sim uma investigação complementar feita a pedido do Ministério Público cujo objetivo era mapear as fontes de financiamento do valerioduto, e que o documento não comprovara a existência do "mensalão".

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Conversas Com a Parede - Nino Carta


Perguntas aos meus botões, em meio à dúvida. Será preciso explicar mais uma vez? Convém calar diante de quem não entende por obra de alguma carência insanável ou finge não entender? Não é de hoje que meus botões me atiram a tarefas impossíveis, ou quase. De fato, é o que dá agora, no momento em que o ex-ministro da Justiça e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, declara: “A reação (à extradição negada no Caso Battisti) não foi da Itália, e sim de um governo decadente e direitista”.

Não sei se Genro aposta na ignorância da platéia nativa, ou se a ignorância em questão é a dele mesmo. Vale recordar que o ex-ministro mereceu inúmeras vezes o apoio de CartaCapital: víamos nele uma liderança nova e importante. Nesta edição, Paolo Manzo entrevista o ex-juiz de instrução de Milão, Giuliano Turone, autor de um livro sobre o Caso Battisti lançado nestes dias. E é datada de quarta 31 uma carta aberta de agradecimento do presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, destinada a Turone e publicada pelo jornal La Stampa.

Nela se lê que a decisão de dar asilo ao ex-terrorista “é para a Itália um ferimento aberto, mais ainda, uma lesão profunda”. Talvez Genro até hoje não tenha percebido que a Napolitano, e não a Berlusconi, cabe falar em nome do Estado. Esclareço em proveito do governador: é a diferença que no regime parlamentarista se estabelece entre o presidente da República e o primeiro-ministro. E Napolitano não é um direitista decadente. Quanto à Itália, é Estado Democrático de Direito, alicerçado em uma Constituição nascida, ao contrário do ocorrido no Brasil, de uma Constituinte exclusiva e considerada exemplar não somente pelos italianos.

Napolitano, antiga liderança dentro do Partido Comunista, diz na carta sempre ter promovido e sustentado toda iniciativa destinada a obter do Brasil a entrega de Battisti, e sublinha o desrespeito ao acordo de extradição selado com a Itália em 1989 e “às razões da luta contra o terrorismo em defesa da ordem constitucional”.

Lula não poderá negar como e quando o presidente da Itália conversou com ele a respeito, uma delas à margem do G-20 de L’Aquila, enquanto a questão ainda estacionava no Supremo. Assim como Genro foi informado por seus amigos italianos e comunistas sobre o efeito doloroso de uma eventual negativa à extradição junto à nação em peso. Sei pessoalmente da decepção experimentada ao cabo por Massimo D’Alema, um dos herdeiros de Enrico Berlinguer, e até por Bruna Peyrot, socióloga italiana, que anos atrás escreveu um longo ensaio sobre Tarso Genro, editado na Itália, e que ficou pasma com a decisão inicial do seu herói.

Sem falar de Donato Di Santo, braço direito de D’Alema no Ministério do Exterior durante o derradeiro governo Prodi: mandou-me um e-mail para constatar que Genro fez a frittata. A omelete. Em língua chula usaríamos uma palavra bem mais contundente e vulgar. Aquela mensagem foi publicada por CartaCapital e Donato, por meio de um anspeçadas local, queixou-se, esquecido de não ter solicitado o off, que, quando declarado, atravessei a vida a respeitar. Se ao falar da reação italiana à negativa in extremis de Lula, o ex-ministro da Justiça se exprime em boa-fé, então não sobra alternativa: o problema é de ignorância mesmo, penosa e inevitável conclusão.

E ignorância em relação à verdade factual dos anos de chumbo na Península, por quem se arroga julgar a Justiça de um Estado de Direito. Na carta ao juiz Turone, Napolitano confessa sua frustração por “não ter conseguido levar à compreensão do que significou para nós o capítulo do terrorismo (…) e que força extraordinária tenha sido necessária para derrotá-lo”. Murmuram meus resignados botões: é como tentar o diálogo com uma parede. O comportamento de Lula e Tarso no Caso Battisti é nódoa na vida política de ambos, bem como o comportamento do então presidente e do seu ministro, escolhido para a Justiça com o aplauso de CartaCapital, no desfecho da Operação Satiagraha.

Genro há de lembrar o telefonema com que me alcançou, na manhã da primeira prisão de Daniel Dantas. Tomado de pura euforia, exclamava: “Você viu o que fomos capazes de fazer?” Tive a impressão de que pretendia incluir a revista no mérito. Menos de uma semana depois, passivos diante da pressão de Gilmar Mendes e Nelson Jobim, presidente e ministro desterravam o chefe da Abin, o digníssimo delegado Paulo Lacerda.

Lamentáveis recordações, a firmar uma estranha ligação entre Battisti e Daniel Dantas. Receio que, para satisfazer uma facção do PT, o partido que esqueceu os trabalhadores, tenham sido passados para trás os interesses do País, da Moral e da Justiça. Daqui para a frente, passarei o tempo que me sobra na busca do elo entre estes dois momentos deploráveis da recente história brasileira. •


Mino Carta

Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br

JOÃO DRUMMOND: Manifestantes da Marcha contra a Corrupção tomam g...

JOÃO DRUMMOND: Manifestantes da Marcha contra a Corrupção tomam g...: Os cerca de 30 mil manifestantes da Marcha contra a Corrupção tomaram o gramado em frente ao Congresso. Vestidos de preto, eles carregam ca...

Manifestantes da Marcha contra a Corrupção tomam gramado do Congresso


Os cerca de 30 mil manifestantes da Marcha contra a Corrupção tomaram o gramado em frente ao Congresso. Vestidos de preto, eles carregam cartazes pedindo o fim do voto secreto na Câmara e no Senado e punição para políticos corruptos.

Os manifestantes ocuparam o espelho d'água e jogaram água nos policiais, que fizeram um cordão de isolamento em frente à rampa de acesso. A manifestação é apartidária. Segundo a Polícia Militar, entre 25 mil e 30 mil pessoas participaram da passeata.

Os manifestantes também tomaram toda a esplanada e seguiram para a Praça dos Três poderes. Vestidos de preto e com rostos pintados, eles se concentraram às 10h no Museu da República e já fizeram a lavagem simbólica do Ministério da Agricultura e do Congresso Nacional.


Os manifestantes se concentraram às 10h no Museu da República e fizeram a lavagem simbólica do Ministério da Agricultura e do Congresso Nacional. O movimento apartidário foi convocado pelas redes sociais na internet para protestar contra os episódios de desvio de dinheiro público em ministérios. Recentemente, o da Agricultura foi alvo de denúncias de corrupção. De acordo com a revista Veja, um dos focos de irregularidades é a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Com a Agência Brasil

domingo, 11 de setembro de 2011

AMIGOS DAS LETRAS: O Novo Ciclo Cultural de Sete Lagoas

AMIGOS DAS LETRAS: O Novo Ciclo Cultural de Sete Lagoas: Sete Lagoas dá sinais claros de empreendorismo cultural. Tímido é verdade, mas que já pode ser percebido sem a lupa da garimpagem crítica h...

JOÃO DRUMMOND: Quem Tem Medo da Justiça Brasileira?

JOÃO DRUMMOND: Quem Tem Medo da Justiça Brasileira?: Ruy Barbosa preconizou o dia em que o homem comum se sentiria envergonhado de ser chamado de honesto. Parecia uma afirmação absurda, result...

Entre Mensalões e Cachoeiras o Brasil Avança


Ruy Barbosa preconizou o dia em que o homem comum se sentiria envergonhado de ser chamado de honesto. Parecia uma afirmação absurda, resultante de estado emocional alterado.
Pois não é que este dia está a bater nossas portas. Pra quê ser honesto se o legal mesmo é levar uma vida abastada, confortável, segura, com todas as regalias e benesses que a nossa mais sabia esperteza pode conquistar?
Ainda vai chegar o dia em que, (se Deus quiser) o ser humano terá desenvolvido uma consciência capaz de adverti-lo e contê-lo em suas malfeitorias apenas porque esta é sua convicção.
Enquanto isto, veremos este desfile de “quem é o mais corrupto, desonesto e canalha, que consegue driblar e zombar da justiça brasileira, ao mesmo tempo, repetida e impunemente”.
A justiça brasileira é tão boazinha. Um dos elementos que levaria um cidadão sem a convicção que mencionei acima a não cometer crimes seria o medo da punição.
Mas enquanto o crime de colarinho branco anda de jatinho a justiça brasileira vai atrás ao lombo do seu jegue manco e anêmico.
O criminoso não pensa duas vezes: “Nesse passo só vou ser condenado em outra encarnação... se houver”.
E cai de boca no mel da corrupção debochando da justiça e da sociedade, com tanta certeza e desenvoltura que acaba criando escola.
O corrupto é tão cínico e debochado que depois de ter lucrado com seu roubo descarado, ainda demanda contra a justiça e o estado pedindo ressarcimento por danos morais e pelas custas do processo.
Pois está claro que, se a justiça não conseguiu provar nada contra um corrupto por questão de mera formalidade processual, ainda que todas as provas apontem a autoria, o cara em questão se tornou mais um pobre injustiçado, e tome processo contra o estado e se prenda o delegado que o acusou.
Depois de ver inocentados e soltos tantos criminosos e corruptos ricos, não há sacristão que acredite que deva ser honesto e cumpridor da lei, se esta não for sua convicção de cidadania.
Tudo se resume nunca aventura radical: cometer crimes e enganar a justiça. A sensação de ter enganado a justiça é tão compensatória quanto os resultados do crime. Deve dar até um friozinho na barriga dos corruptos e criminosos de carteirinha.
E para afirmar esta nossa vocação de Brasil – Pátria da Impunidade e paraíso dos bandidos e corruptos ainda temos que ver esta generosidade a se estender à criminosos de outras pradarias, atraídos pelas promessas de uma terra onde a impunidade corre a céu a aberto e a canalhice é premiada até com títulos, comendas e livros publicados.
Uma terra em que um congresso não prima pela ética e lisura e que a justiça é tão morosa e boazinha é uma promessa de vida nova e livre para todos os bandidos e corruptos de cá e de alem mar.
 Sinto até inveja do Olavo Bilac ao ler seu poema “A Pátria”.





A Pátria
Olavo Bilac

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!

Dá até para ouvir Deus respondendo ao poeta:

— É Olavo. Mas espera só para ver o povinho que habitará esta Terra!!!

João Drummond






terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Loucura Humana e as Câmaras de Vigilância


Diante de cenas de barbárie e violência gravadas por câmaras de vigilância, e repetida à exaustão nos programas policiais e noticiários da TV as pessoas repetem:
— Parece que a humanidade está enlouquecendo.
Há sempre opiniões dissonantes:
— Que nada, o ser humano sempre foi este animal, apenas existe hoje, mais câmaras de vigilância.
A verdade é que vamos ficando cada vez mais acostumados com estas cenas chocantes, e amortecendo nossa capacidade de indignação. Afinal a vida continua e as contas não nos dão trégua. Temos que ir tocando em frente e correndo atrás, não é mesmo?
Enquanto corremos atrás das soluções do dia a dia parece que vamos deixando para trás, com cada vez mais desenvoltura e omissão alguns valores que se tornaram pesos nas nossas mochilas e algibeiras psíquicas: a compaixão e a humanidade por exemplo.
As próprias pessoas que foram protagonistas destas cenas, quando confrontadas com as imagens das câmaras, se surpreendem e não se reconhecem naquela explosão de maldade e barbárie.
É como se uma segunda natureza do homem, escondida por uma leve capa de traquejo social, finalmente desse o ar da graça e cometesse as maiores atrocidades com se fosse algo comum e banal.
É como também se estas ações despertassem em quem está do outro lado, a exemplo daqueles jogos do coliseu romano, espectadores capazes de ver a morte e a violência gratuita como um simples e banal espetáculo.
Será que estamos enlouquecendo ou apenas tendo mais fartura de cenas desumanas, que nos tornam cada vez menos humanos? Ou as duas coisas?
Uma coisa é ouvir falar de violência, afinal a pessoa que descreve a cena sempre pode estar exagerando. Outra diferente é ver estas cenas gravadas em detalhes, para serem repetidas tantas vezes quanto sejam necessárias para ficarem monótonas e banais.
Podemos imaginar em um cenário de guerra, as pessoas paulatinamente se acostumando com toda sua degradação, como se aquilo não passasse de uma simples de cansativa rotina.
Parece que a humanidade se rende diante do que é inevitável e cada vez mais comum, como se aquelas cenas, pingando nas nossas consciências em doses cada vez mais cavalares, fossem nos imunizando e subtraindo nossa mais humana e saudável empatia e compaixão.
Afinal é apenas mais uma cena, das muitas que já vimos ontem e veremos amanhã, não é mesmo? O que se pode fazer afinal?
Temos que tocar a vida em frente, continuar a correr atrás das soluções do dia a dia, pagar as contas, garantir o supermercado, suprir nossas mais urgentes e fúteis necessidades e nossos sonhos de consumo.
As vitimas que se cuidem e enfrentem seus carrascos. Afinal eles devem ter feito por merecer. As possibilidades que sejamos nós as próximas vitimas ou os próximos algozes está tão distante, afastadas de forma segura pelas câmaras de segurança, como imagens especulares de mais um filme de Hollywood.
 E dentro deste maquiavélico processo de psico-adaptação, podemos nos vangloriar por esta capacidade cada vez menor de sentir e compartilhar, que nos tornam passo a passo em seres mais modernos, individualistas, mutantes e desumanos. Simples e bocejantes espectadores de filmes de terror. Quem sabe..., as próximas vítimas ou os próximos carrascos?
 


João Drummond




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A Corrupção é Endêmica no Brasil - Por Frei Beto


A política brasileira sempre se alimentou do dinheiro da corrupção. Não todos os políticos. Muitos são íntegros, têm vergonha na cara e lisura no bolso. Porém, as campanhas são caras, o candidato não dispõe de recursos ou evita reduzir sua poupança, e os interesses privados no investimento público são vorazes.
Arma-se, assim, a maracutaia. O candidato promete, por baixo dos panos, facilitar negócios privados junto à administração pública. Como por encanto, aparecem os recursos de campanha.
Eleito, aprova concorrências sem licitações, nomeia indicados pelo lobby da iniciativa privada, dá sinal verde a projetos superfaturados e embolsa o seu quinhão, ou melhor, o milhão.
Para uma empresa que se propõe a fazer uma obra no valor de R$ 30 milhões – e na qual, de fato, não gastará mais de 20, sobretudo em tempos de terceirização – é excelente negócio embolsar 10 e ainda repassar 3 ou 4 ao político que facilitou a negociata.
Conhecemos todos a qualidade dos serviços públicos. Basta recorrer ao SUS ou confiar os filhos à escola pública. (Todo político deveria ser obrigado, por lei, a tratar-se pelo SUS e matricular, como propõe o senador Cristovam Buarque, os filhos em escolas públicas). Vejam ruas e estradas: o asfalto cede com chuva um pouco mais intensa, os buracos exibem enormes bocas, os reparos são frequentes. Obras intermináveis…
Isso me lembra o conselho de um preso comum, durante o regime militar, a meu confrade Fernando de Brito, preso político: “Padre, ao sair da cadeia trate de ficar rico. Comece a construir uma igreja. Promova quermesses, bingos, sorteios. Arrecade muito dinheiro dos fiéis. Mas não seja bobo de terminar a obra. Não termine nunca. Assim o senhor poderá comprar fazendas e viver numa boa.”
Com o perdão da rima, a idéia que se tem é que o dinheiro público não é de ninguém. É de quem meter a mão primeiro. E como são raros os governantes que, como a presidente Dilma, vão atrás dos ladrões, a turma do Ali Babá se farta.
Meu pai contava a história de um político mineiro que enriqueceu à base de propinas. Como tinha apenas dois filhos, confiou boa parcela de seus recursos (ou melhor, nossos) à conta de um genro, meio pobretão. Um dia, o beneficiário decidiu se separar da mulher. O ex-sogro foi atrás: “Cadê meu dinheiro?” O ex-genro fez aquela cara de indignado: “Que dinheiro? Prova que há dinheiro seu comigo.” Ladrão que rouba ladrão… Hoje, o ex-genro mora com a nova mulher num condomínio de alto luxo.
Sou cético quanto à ética dos políticos ou de qualquer outro grupo social, incluídos frades e padres. Acredito, sim, na ética da política, e não na política. Ou seja, criar instituições e mecanismos que coíbam quem se sente tentado a corromper ou ser corrompido; ‘A carne é fraca’, diz o Evangelho. Mas as instituições devem ser suficientemente fortes, as investigações rigorosas e as punições severas. A impunidade faz o bandido. E, no caso de políticos, ela se soma à imunidade. Haja ladroeira!
Daí a urgência da reforma política – tema que anda esquecido – e de profunda reforma do nosso sistema judiciário. Adianta a Polícia Federal prender, se, no dia seguinte, todos voltam à rua ansiosos por destruir provas? E ainda se gasta saliva quanto ao uso de algemas, olvidando os milhões surrupiados… e jamais devolvidos aos cofres públicos.
Ainda que o suspeito fique em liberdade, por que a Justiça não lhe congela os bens e o impede de movimentar contas bancárias? A parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Os corruptos sabem muito bem o quanto ele pode ser agraciado ou prejudicado.
As escolas deveriam levar casos de corrupção às salas de aula. Incutir nos alunos a suprema vergonha de fazer uso privado dos bens coletivos. Já que o conceito de pecado deixou de pautar a moral social, urge cultivar a ética como normatizadora do comportamento. Desenvolver em crianças e jovens a autoestima de ser honesto e de preservar o patrimônio público.
Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro”, que a editora Rocco faz chegar às livrarias esta semana. http://www.freibetto.org – twitter:@freibetto.
Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br).

Botões de Rosas - Livro Um

Botões de Rosas - Livro um Baixar de graça formato PDF