terça-feira, 29 de maio de 2012

A Máscara da Política


Cachoeira – O Poder Obscuro
A Doença do Estado



Como se faz cultura de vermes? A ciência ensina muitas fórmulas, mas como principio deve-se ter um ambiente preparado, propicio, adequado.
Tem que haver ingredientes alimentadores, fomentadores e fermentadores. Nenhuma colônia de vermes prospera do nada. Ou em laboratório ou em estado natural as colônias têm que encontrar condições que favoreçam seu aparecimento, crescimento e expansão.
Pode se produzir vírus limpos em laboratórios, com uso de ingredientes adequados, com o intuito de estudá-los e preparar vacinas ou antivírus.  Estes vírus, mesmo sendo produzidos e criados e laboratório, serão tão fatais ou mais que os vírus gerados em ambientes naturais.
Podem ser mais mortíferos porque fortalecidos de forma controlada para produzirem efeitos mais danosos e fatais.
Assim é que nossa política, no alvorecer do século XXI conseguiu se constituir no grande laboratório produtor de vírus, vermes e bactérias dos mais variados tipos e matizes.
Por exemplo: o vírus “cachoeira” o que seria, como se produziu, e como prosperou nas barbas do estado brasileiro?
É claro e patente que o grande catalisador de seu surgimento e crescimento é o caldo de cultura corrompido e promiscuo que o laboratório da nossa política conseguiu produzir.
Criado em laboratório, para algum objetivo obscuro e inconfessável, escapou dos tubos-de-ensaio ou das estufas onde era mantido em observação constante, alimentado e fortalecido.
O vírus cachoeira é o orgulho da nova ciência política. O top dos vírus. Conseguiu chegar dentro da estrutura do poder em um nível onde nenhum vírus conseguira até então.
O mensalão já era a gloria da política e antes mesmo de conseguirem erradicá-lo surge outro mais robusto e insinuante.
Espalhou seus tentáculos em tal extensão dentro das estruturas dos três poderes que não se sabe se é possível combatê-lo sem combater o Estado. Na verdade é o Estado contra o estado. O Estado democrático, de direito, contra o estado marginal e corrupto.
Não estou falando em revolução. Seu romântico tempo já passou. E o Estado, este grande enigma, sempre tão zeloso com suas curadorias, suas procuradorias, suas CPIs, suas policias especializadas, se vê diante de um grande dilema: Como matar a doença sem matar o paciente.
E o paciente é o Brasil. Alias muito paciente por sinal. Como paciente e pacato é seu povo. Sempre tão bonzinho, pagando e votando. Pagando os maiores impostos do planeta e votando no mais sórdido modelo político que podemos imaginar.
Quem sabe não esta na hora de começarmos as conclamar pelas redes sociais uma nova política. Uma política que não ofereça campo de cultura favorável a proliferação destes vermes e destas viroses, que se espalham avassaladoras pelos meandros da política e do Estado.
Um bom começo poderia ser uma campanha para uma política voluntária e sem salários. Pior do que a que aí está não poderia ser.



                                                                 João Drummond







domingo, 20 de maio de 2012

O Causo Cesare Battisti


(Eita casinho bom pra dar ibope!!!)



  
Já havia desistido de escrever sobre o assunto, mas não dá para dispensar um tema que está na boca do povo, rendendo preciosos cliques para blogs, sites e jornais.
Esta é a história que não quer calar. Ela sempre é encontrada na mídia em duas versões tão distintas que parecem nada a ver uma com a outra.
Vou até fazer aqui um remake destas duas histórias que escrevi no seu auge só por preguiça de pensar de novo.

Lá vai pela primeira vez neste canal, (se o SBT pode porque não este autor que vos escreve?)

A História

A história de Cesare Battisti nos concede um campo de estudo fascinante e estranho onde pelo menos dois enredos se abrem, como se duas versões de um mesmo filme começassem a passar numa tela divida por tênue cortina.
Na saída desta sessão cinéfilos confusos, passam a discutir coisas diferentes, como fossem a mesma, e tentam encaixar dois universo opostos, às leis de uma única realidade.
Não é possível. Os dois universos não se interpenetram e não podem ser traduzidos numa única linguagem.

 Filme I

Num dos filmes vemos A Itália como diz Pedro Del Picha (repórter correspondente da Folha de São Paulo à época):
“O governo, propriamente, era constitucional, democrático, com um Parlamento eleito pelo povo no pleito histórico de 1976, quando o Partido Comunista Italiano quase venceu a Democracia Cristã. Aliás, o PCI sempre foi contra os grupos terroristas, de esquerda e de direita. Tachava-os de antidemocráticos.
Essa também era a opinião do presidente da República, Sandro Pertini, que jamais poderia ser tachado de conivente com a direita. Pertini, socialista histórico, uma lenda da esquerda européia, foi companheiro de cárcere de Antonio Gramsci, ambos presos pelo regime fascista.


Umas das razões para o assassinato de Aldo Moro, segundo inúmeros analistas, foi o fato de ele defender um entendimento direto entre a Democracia Cristã e o PCI. O democrata-cristão e o então líder comunista Enrico Berlinguer propugnavam por um "compromisso histórico" - uma nova aliança entre as duas maiores forças políticas do país, visando a governabilidade e os avanços administrativos que a Itália requeria para superar o pântano da burocracia, a ineficiência crônica do Estado e enfrentar os desafios da revolução tecno-científica que dava seus primeiros sinais.


Este era o pano de fundo onde se criou a versão do filme em que o protagonista Battisti fazia parte de um grupo chamado PAC que visava declaradamente tomar de assalto o poder e implantar a "ditadura do proletariado". Até no nome, por exemplo, a organização Proletários Armados pelo Comunismo dizia a que vinha.
Neste cenário Cesare Battisti era um terrorista comum, responsável pela morte de quatro pessoas e não um perseguido político por um regime ditatorial. Ao contrário, na vigência do Estado de Direito, ele optou, por vontade própria, pela subversão da democracia e, para isso, aceitou e incentivou o recurso às armas e ao terrorismo.

Filme II

No outro filme que se passa na tela ao lado, o governo da Itália é de extrema direita e apóia a operação Gládio que sob patrocínio do EUA, promovia atentados em toda a Europa, tentando conter o avanço do comunismo.
Em 1990, o primeiro ministro italiano confirmou que os “deixados-atrás” do exército, denominado “Gladio” (espada), existiu desde 1958, com a aprovação do governo italiano. No princípio dos anos 70, o apoio comunista na Itália começou a crescer, de maneira que o governo mudou para uma “estratégia da tensão” usando a rede do Gládio.


Em 1972 durante uma reunião extremamente secreta do Gládio, um oficial sugeriu que se fizesse “um ataque preventivo” aos comunistas. Como o jornal britânico The Guardian reportou as ligações entre o Gládio na Itália, todos os três serviços secretos italianos e a ala italiana da Loja Maçônica P2 eram muito bem documentados, porque os chefes de cada unidade da inteligência eram membros da Loja P2.
A tática era de intimidação aos grupos de extrema esquerda entre eles o Proletários Armados pelo Comunismo, do qual fazia parte Cesare Battisti.
Neste cenário Battisti era um militante político na luta pela democracia e pelo estado de direito.

Na Saída da sala de dupla projeção

Dois filmes, duas versões da história. E o que se passou de verdade ficará para sempre encoberto pelo manto do passado, ao sabor das versões que, como um cardápio variado, se dispõe a escolha do que melhor apetece aos nossos valores e crenças.
Com qual história nos identificamos mais? Qual faz mais sentido para nós? Por isto fica difícil o debate critico sobre duas películas diferentes, e que na verdade são versões de uma única história sepultada definitivamente nos sítios arqueológicos do tempo.


Talvez a melhor atitude dos cinéfilos seja se descolar das versões que escolheram inconscientemente e seguir adiante deixando para os livros de história a árdua tarefa de contá-la as futuras gerações. 
Isto porque a vida exige presença e atenção, e ficar remexendo nos fantasmas do passado, com comprometimento emocional pode ser inútil, cansativo e infrutífero.





Caso Battisti afundou nas costas brasileiras.

Caso Battisti afundou nas costas brasileiras.:

'via Blog this'

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Justiça Acuada Entre Os Direitos Básicos e os Direitos Pagos


Lei se cumpre não se discute. Este é um axioma jurídico que pode sim ser discutido, quando uma sentença judicial de interesse comercial ou financeiro colide com os interesses básicos de um cidadão, como direito ao trabalho, a saúde e a vida.
O direito não é uma matéria concreta. Tudo depende de interpretações de artigos e incisos que estão postulados friamente na Carta Magna e nos compêndios de códigos jurídicos, sempre abertos e em constante evolução e mutação.
Alguns direitos são mais básicos que outros, e alguns preceitos jurídicos são sobrepujados por outros, quando um julgador, se valendo do bom senso e da inteligência dos artigos profere sentença em total oposição à interpretação literal e autocrática da lei.
A lei proferida gera por si uma nova interpretação que remete a discussão para uma esfera superior até que, algum tribunal supremo, ou por decisão direta ou por sumula vinculante estabelece finalmente o top da verdade jurídica.
E nem esta verdade pode ser considerada absoluta e definitiva, quando novos elementos e novas interpretações podem levar este mesmo tribunal à reforma da sentença anterior.
Vamos supor, por mero exemplo, que uma pessoa movida pela fome subtrai de uma quitanda uma abóbora. Tecnicamente ela cometeu roubo, e algum juiz excessivamente conservador pode lhe sentenciar a prisão.
O mesmo Estado que preceitua o direto básico a vida, ao trabalho, a saúde, a educação, pode emitir sentença que atenta contra todos os princípios de bom senso e humanidade.
Ao delegado do caso não restará alternativa, a não ser fazer valer o cumprimento da lei, até que outra sentença, mais na frente, reforme a primeira.
Outro exemplo é o do taxista, ou outro profissional que dependa de veiculo para trabalho e sustento da família. A lei diz que quem não pagou deve ser punido. Mas diz também que existem bens que não podem ser penhorados por servirem ao cumprimento de direitos mais básicos do cidadão, do que contratos comutativos com bancos e financeiras.
O banco tem direito de fazer valer seus direitos, mas o cidadão tem mais direito de manter seu trabalho, sua dignidade e sua integridade.
Para uma justiça assoberbada, muitas vezes estes direitos se colidem, e a lei que prevalece é a de quem pode pagar mais e falar mais alto.
Porque os direitos, mesmo os básicos, não são pontos pacíficos perante a lei. O comerciante pode, diante da justiça, fazer valer seus direitos ao lucro, contra um ladrão de abóboras que não tem conhecimento e nem voz para se defender e muito menos lembrar ao juiz sobre a tese do roubo famélico. Só um advogado ou defensor público poderia fazê-lo com a devida competência.
O advogado está fora do seu alcance, (financeiro) e o defensor público estará muitas vezes atuando sem total convicção e interesse, de olho em resultados de concursos.
E o profissional autônomo que tem num veiculo a garantia de seu trabalho pode ceder este direito básico em favor dos lucros bancários ou comerciais por sentença de juiz que aplica friamente os ditames da lei. (Existem outras formas de penhora de veículos de trabalho e isto é tema para outro artigo).
Cada vez mais a justiça paga e mantida pelo fluxo arrecadatório do Estado contra as camadas produtivas, ou pelo poder financial de cunho privado, se afasta dos seus preceitos mais singelos e básicos de caráter protetivo e defensivo do cidadão.
 A justiça paga, representada por delegações cartoriais se adianta com mais rapidez e avidez, e tem no poder financeiro maior capacidade de torque da engrenagem judicial.
Vivemos diante de algumas verdades cruéis no sistema capitalista. Os interesses regrados a dinheiro podem fazer valer seus direitos legais de forma muito mais enfática e rápida do que os daqueles que, pelo menos em tese, deveriam contar com maior proteção estatal e legal.
O ponto de reequilibro entre uma justiça autofágica e catatônica e uma sociedade marginalizada e sem voz, é a imprensa livre. Ela é capaz de destacar os descalabros e absurdos gerados na estufa judicial e expor para a opinião publica, (entidade subjetiva e impessoal da trama social), uma verdade mais pura e singela que se encontra tolhida e engasgada, sob peso de verdades induzidas a peso de ouro ou de soldo.
Quando os direitos se colidem e não encontram resguardo equilibrado no sistema legal resta ao cidadão escancarar sua verdade nos parlatórios modernos, e fazer valer sua voz e seus direitos acima do ruído ensurdecedor que submete a justiça aos mandos e desmandos de quem pode pagar mais.


João Drummond









quinta-feira, 3 de maio de 2012

Crítica de mídia: Quem não deve, não teme!


Andréia Moura

Denunciar os desmandos do mundo, dar voz à cidadania, colocar em prática a constituição e fiscalizar o cumprimento da lei nos poderes. A imprensa tomou para si o papel de monitorar, fiscalizar, cobrar, enfim, manter as condições de existência de uma democracia. Logo, como quarto poder, assumiu uma responsabilidade difícil, mas necessária para o bom andamento da sociedade. Essa responsabilidade traz consigo grande liberdade e inúmeras possibilidades que fazem da imprensa um império hegemônico. "Nos últimos quinze anos, à medida que se acelerava a globalização liberal, este 'quarto poder' se viu esvaziado de sentido, perdendo, pouco a pouco, sua função fundamental de contra-poder", já afirmou Ignácio Ramonet, em seu livro O Quinto Poder.

Se o jornalismo é o vigia do governo, quem fica de olho nos vigias? "Estamos aqui diante do princípio da reciprocidade: todas as liberdades e garantias são asseguradas aos jornalistas, mas, em contrapartida, todas as formas de acompanhamento e fiscalização do trabalho são bem-vindas e igualmente necessárias", declara Josenildo Luiz Guerra, jornalista e professor da Universidade Federal de Sergipe, doutor em Comunicação e Cultura contemporâneas.

A crítica de mídia é necessária e denominada por alguns como o quinto poder. E ela é, exatamente, o foco de tensão que permeia esse assunto. É possível incentivar uma imprensa fiscalizadora e estimular a crítica à mídia sem sufocá-la, mantendo ainda assim a liberdade da própria imprensa e dos seus críticos? A reposta para a questão tem sido apresentada por alguns poucos sites que se dedicaram à missão de criticar a mídia. "Esses websites não só ateiam mais fogo nas fogueiras das vaidades jornalísticas, como inflamam o cidadão comum a lançar um olhar mais crítico para a até então inquestionável mídia", opina Guerra.

Essa é uma das funções primordiais da crítica de mídia. Criar na sociedade um senso questionador, um comportamento mais atento na absorção das informações. "Criar, assim, camadas de público mais críticas", afirma Rogério Christofoletti, doutor em Ciências da Comunicação, mestre em Lingüística e professor de Legislação e Ética em Jornalismo na Univali de Itajaí. "Em terras brasileiras, não há tradição, ousadia, nem tampouco disposição para espalhar iniciativas massivas que atuem no sentido de imprimir uma leitura crítica aos meios" declara. Segundo o jornalista, as experiências existentes se limitam ao campo acadêmico e à iniciativa privada.

O pai de todos

Criado em 1996, no ambiente acadêmico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, o Observatório da Imprensa é, praticamente, o pai da crítica de mídia no Brasil. Em 2001, passou a ser um projeto do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), uma organização sem fins lucrativos. O Observatório funciona como um fórum permanente que conduz uma discussão sobre os veículos de comunicação, reunindo profissionais e demais interessados na área. "O Observatório procura ser o mais isento possível e é transparente por não ter conexão com nenhuma empresa da mídia", declara Ruben Holdorf, professor do curso de jornalismo do Unasp (Centro Universitário Adventista).

No site, encontramos análises, queixas, artigos, comentários, denúncias e debates. O Observatório assume a postura de uma arena onde a participação de todas é valida. Mas há quem diga, entre eles Christofoletti, que mesmo assim não se trata de "um local neutro, onde as opiniões gravitam sem hierarquia ou prevalência". "O Observatório também manifesta suas posturas, organiza os conteúdos segundo uma lógica própria e participa ativamente da discussão", pondera.

"O Observatório da Imprensa , de um modo geral, é uma experiência bem-sucedida porque a crítica - embora aberta, plural e disponível para a sociedade -, é, essencialmente, feita por jornalistas. A crítica, praticada por quem conhece o ofício, ganha credibilidade", analisa o jornalista Victor Gentilli, doutor e mestre em Ciências pela USP, diretor administrativo da SBPJor e professor da Universidade Federal do Espírito Santo.

Os outros

Depois do Observatório da Imprensa, projetos com os mesmos objetivos foram surgindo. Entre eles, o Monitor de Mídia. Desenvolvido e coordenado pelo jornalista Rogério Christofoletti na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, ele disponibiliza análises quinzenais sobre as produções jornalísticas e avalia a conduta ética dos profissionais do Estado. O site reúne professores e alunos e realiza um acompanhamento sistemático. "O Monitor faz um trabalho muito interessante em relação aos outros observatórios. É o Observatório em miniatura. Analisa e critica a imprensa catarinense muito bem" afirma Holdorf. O projeto já concluiu três pesquisas de iniciação científica.

Outro projeto no campo da crítica de mídia é o SOS Imprensa. Contudo, não é propriamente um veículo de análise das produções jornalísticas. A iniciativa funciona mais como uma ouvidoria pública e é realizado pela UnB desde 1996. Ele disponibiliza ao público um assessoramento para casos de erros e abusos da imprensa. O SOS possui até um telefone para atender aos usuários da rede: o Disque-Imprensa. No site, pode-se encontrar vários cases de erros e abusos da imprensa, notícias de mídia e artigos relacionados ao assunto.

O trabalho mais recente no campo é o Observatório Brasileiro de Mídia, criado na faculdade de jornalismo da USP, em 2004. O site não tem atualização freqüente, pois é abastecido pelas produções de alunos. Ele tem um caráter extremamente científico e disponibiliza além de artigos e reportagens sobre jornalismo, pesquisas sobre coberturas midiáticas.

É pertinente citar ainda o ombusdman, palavra sueca que significa representante do povo. Essa experiência tem adquirido força a cada dia e tem sido implantada no mundo inteiro. No Brasil, a iniciativa mais conhecida é a da Folha de S.Paulo. O cargo foi implantado em 1989 e, desde lá, sete jornalistas já passaram pela função. O ombusdman atual da Folha é o jornalista Marcelo Beraba. O cargo causa certa polêmica, afinal, a crítica é exercida dentro do próprio veículo de comunicação. Mas, segundo o professor da Faculdade de Comunicação da UnB e um dos fundadores do SOS Imprensa, Luiz Martins da Silva, e Fernando Paulino, doutorando na UnB e professor do Instituto de Educação Superior de Brasília, “a presença de um ombudsman, em geral, aperfeiçoa a imagem da instituição".

Observatórios nas universidades

Diferente dos ombudsmen, os projetos de crítica de mídia são, essencialmente, realizados em ambiente acadêmico. Todos foram desenvolvidos dentro de universidades e têm, aparentemente, alcançado seus objetivos. Luis Martins da Silva e Fernando Paulino explicam com propriedade porque as universidades são locais ideais para se estabelecer um veículo de crítica de mídia. "A academia se situa a uma distância segura das pressões do mercado, o que permite exercer uma crítica técnica e aprofundada, isentando-se de submissões comerciais. Ela também tem o papel de formar novos profissionais da área, o que demanda oferecer conteúdos que estimulem uma leitura crítica dos procedimentos e dos produtos midiáticos", dizem.

No Brasil, os observadores de mídia são peculiares, diferentes de os de outros lugares como nos EUA, por exemplo. Isso pode se dar por causa das características políticas e midiáticas do país ou, simplesmente, pelo pouco tempo que as iniciativas deste gênero possuem. Os veículos de crítica de mídia não tomam partido, ou seja, não se institucionalizam. Mantêm-se, como já citado, na iniciativa privada e no meio acadêmico. "Ao não se institucionalizar, esses veículos brasileiros ganham mais agilidade e operacionalidade, escapando da burocratização e dos ranços paquidérmicos dessas gestões. Ganha-se com leveza, versatilidade, pluralidade, diversidade", afirma Christofoletti.

É importante ressaltar que, na universidade, deve ser implantada uma espécie de sistematização entre a crítica e os fundamentos conceituais. Josenildo Luiz Guerra salienta sabiamente que "o trabalho jornalístico resulta da sistematização do conceito de jornalismo como instituição e da possibilidade efetiva de sua prática numa determinada sociedade". Segundo ele, é somente isso que dá sentido à atividade. Victor Gentilli acrescenta que a crítica só tem valor pedagógico quando o aluno é capaz de mudar, em sua atividade jornalística, aquilo que aponta em suas críticas. "Se a crítica não vier acompanhada de uma nova maneira de praticar o jornalismo, torna-se algo extemporâneo e desligado da realidade profissional", completa. Gentilli afirma, ainda, que o que move o jovem a ser jornalista são as referências de jornalismo com qualidade. "Em palavras mais duras e diretas, jornalismo merecedor de um olhar crítico", conclui.

As iniciativas de crítica de mídia no país devem ser reforçadas e novos experimentos do gênero devem ser implantados a fim de quebrar a resistência das empresas de comunicação e de grande número de profissionais que insistem em fugir da autocrítica. "A consolidação de um sistema permanente, que avalie os meios de comunicação, é também mais uma viga no edifício da democratização das relações no país", explica Christofoletti.

Por isso mesmo, o profissional propôs, no Intercom deste ano, durante a mesa temática "Crítica de mídia e o papel das universidades no aperfeiçoamento dos processos jornalísticos", a criação de uma rede de observatórios de imprensa em universidades. Durante a discussão foram separadas várias propostas para a viabilização do projeto: 1) a criação de uma lista eletrônica para troca de mensagens dos interessados em estabelecer a rede; 2) a divulgação dos textos que fizeram parte da mesa do Intercom pelos já citados sites de crítica de mídia do país; 3) a criação de uma cartilha voltada para o público trazendo conceitos sobre responsabilidade social, ética na imprensa e outros; 4) a manutenção de pontes com outros países; entre outras.

Essa idéia não é nova. Ela vem sendo cogitada desde 1996, mas com esforços difusos e esparsos. A proposta de Christofoletti é criar uma sistematização para que essa rede seja colocada em prática com eficiência. Cada universidade poderá estabelecer seu tipo de crítica e se voltar para os veículos de comunicação de sua região. Mesmo com uma crítica regional, através desta rede ela alcançará uma expressão nacional. "É importante que os observatórios funcionem como pólos difusores de uma cultura de leitura crítica de mídia e que sejam células disseminadoras desses padrões de consumo informativo. Os observatórios atuam em nível local, mas difundem o conhecimento que geram em escala nacional, global", enfatiza Christofoletti.

Os benefícios que experiências como esta podem trazer para o exercício da profissão e para a formação cultural da população ainda não podem ser contabilizados. "A estrutura de uma rede como a de observatórios de mídia não é mensurável em termos concretos. Mais importante do que máquinas e equipamentos são as relações estabelecidas, os trânsitos e os movimentos gerados", explica Christofoletti. Será necessário tempo e investimento para que s consiga transformar uma sociedade passiva em uma comunidade mais ativa e crítica. Esse é só um começo. "Tais experiências formam apenas um feixe de um sistema ainda em formação", avalia Christofoletti.

As propostas apresentadas podem conduzir a diversos caminhos, mas de acordo com Luis Martins da Silva e Fernando Paulino, todas buscam contribuir para a construção de uma mídia mais equânime. A idéia de uma mídia mais equilibrada e, conseqüentemente, uma crítica mais branda, poderá se concretizar no futuro.

"A crítica equilibrada tende a se transformar em estudos culturais. Esses estudos, voltados para o indivíduo e seu efeito sobre a mídia, devem crescer a cada dia mais", acredita o jornalista Vanderlei Dorneles, professor do Unasp e mestre em comunicação pela Umesp. Apenas o diálogo e a certeza da necessidade, da oportunidade e viabilidade desta rede é que poderá torná-la real e prática. "Afinal qualquer rede começa de uma pequena trama", sintetiza Christofoletti. Só o tempo trará maturidade à crítica de mídia deste país. Os caminhos que ela tomará para alcançar o amadurecimento dependem, unicamente, das escolhas que forem feitas no presente.


http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/49edicao/reportagem.htm

A Justiça no Brasil Funciona?


Nos últimos dias o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou pesquisa onde ficou caracterizada que a “lentidão” é o maior problema da justiça brasileira, pois que, para nada mais nada menos que 87% por cento dos entrevistados, a Justiça tem enorme dificuldade para terminar os processos dentro de um prazo razoável, sendo que apenas 10% por cento acreditam que a Justiça é rápida com freqüência, e somente 3% por cento dizem que isso sempre ocorre.
Participaram de referida pesquisa 46,5% de advogados, partes em processos, 33,7% de estagiários em Direito, 7,9% de advogados públicos, defensores e membros do Ministério Público, e 1,7% de outras categorias não especificadas.
A pesquisa também mostra que as críticas ao Judiciário não se limitam à sua morosidade. Outro item mal avaliado é a espera em filas e o atendimento lento, opinião de 63,3% dos usuários, enquanto 62,7% reclamam que as audiências não são realizadas no horário.
Para 60,7% dos participantes, os servidores não têm atenção e interesse em atender quem necessita da Justiça e 59,6% acreditam que os funcionários não esclarecem corretamente as dúvidas sobre o serviço.
O que nós advogados e aqueles que buscam no judiciário a resolução de seus problemas mais emergenciais, esperam que o Judiciário, consiga em curto espaço de tempo, se aperfeiçoar bem como buscar novas técnicas e fórmulas, que visem agilizar todo e qualquer procedimento, pois que a Justiça feita tardiamente não tem mais o efeito esperado.
E, neste sentido, todos contamos com o inestimável apoio, fiscalização e determinação do Conselho Nacional de Justiça, cujo órgão está sendo bastante enérgico e exigindo que os Tribunais Estaduais e Superiores, em todas as Comarcas Estaduais e das Varas Federais, implementem ações objetivando, pelo menos melhorar um pouco a imagem, da Justiça.
Vamos esperar que logo, sejam concretizadas tais melhorias, pois afinal de contas o povo tem sede e espera que justiça seja feita, o mais rapidamente possível.



*Moacir Gusso 
advogado 

terça-feira, 1 de maio de 2012

A “LÓGICA PERVERSA”: POR DILMA ROUSSEF...


Pettersen Filho

Em tradicional “Discurso”, transmitido a cada Dia 1º de maio, em alusão aos Trabalhadores, e ao seu Dia, Dilma Roussef, como não poderia, também, deixar de fazer, num Governo que se diz “Dos Trabalhadores”, capitaneado pelo PT – Partido dos Trabalhadores, e por uma Coalizão de Partidos, ditos, “De Esquerda”, numa Miscelânea, tanto Fisiológica, como Pragmática, que alberga Partidos tão distintos, ideologicamente, que vai do Ultra-direitista PR – Partido Republicano, passando pelo também Trabalhista – PDT – Partido Democrático Trabalhista, que, por sinal, em vésperas da data, acaba de emplacar seu Ministro, Brizola Neto, após cinco meses sem assento na Pasta do Ministério do Trabalho, desde o Escândalo do Ex, Lupi, chegando ao combativo PC do B, outrora “Comunista”, em sóbrio, mas, emocionado, Pronunciamento à Nação, acaba de construir uma “Expressão” que bem sintetiza a atual Dinâmica Econômica do País, no que entendeu cunhar como sendo a “Lógica Perversa” do Mercado Financeiro, e Sistema Bancário Brasileiros, a quem atribuiu o “Papel” de Vilões, dado as Altas Taxas de Juros praticadas no Brasil.

Retrucada, nem bem ressonaram os “Ecos” do seu Discurso, prontamente rechaçado por “Nota” que se atribuiu a FEBRABAN – Federação de Bancos, quem rechaçou a culpa dos Bancos pela tal pratica de Juros Altos, Dilma foi desmentida, alegando a Entidade que quem delimita, e determina, a Taxa de Juros Elevada no Brasil é o próprio Governo, quando paga Taxas Elevadas para, assim, poder “Rolar” (ou enrolar) a sua própria Divida.

Considerando, contudo, que ambos tem razão, tanto a Presidente “a” Dilma Roussef, ao acusar os Bancos de não estarem repassando ao Mercado, na forma de “Queda” no Cartão de Crédito, Cheque Especial e Empréstimos Pessoais, de tais Percentuais, relativos a continua Queda dos Juros, acenada pelo Banco Central, que saiu, recentemente, dos cerca de Treze por Cento, para cerca de Nove por Cento, atuais, o que, no entanto, ainda os colocam como os Juros mais Altos praticados no Mundo, fazendo, por conseqüência, que os Bancos no Brasil sejam os mais “Lucrativos” do Planeta, inclusive em face da continua Entrada de Capitais Especulativos Internacionais, como, também, razão assiste aos Bancos, ao retrucarem que é o Governo que provoca tal “Alta”, em função de premiar com Juros Altíssimos os que “Bancam” a sua própria Dividida, o certo é que, tal Discurso, aparentemente, foi só para acalmar a “Galera”, diante da atual Apatia, e dos Baixos Índices de Crescimento, e Empregos, do Mercado Brasileiro, ao contrário do que é a tendência dos outros BRIC`s, China, Índia e etc., em plena Crise Financeira Européia e incipiente Crescimento Americano...

Chamando, portanto, de “Lógica Perversa” o Spread Bancário, a diferença com que os Bancos tomam Dinheiro do Aplicador, remunerando-o a Taxa que não alcança o Primeiro Digito da Numeração Arábica, de 1%, quando tomam Emprestado, mas que órbita os 15%, quando Emprestam, Dilma Roussef, mostrando, aparentemente, ao que veio, reproduzindo a mesma “Formula” utilizada pelo seu antecessor, Lula da Silva, quando da instauração da Crise Financeira de 2008, reduzindo as Taxas dos “Bancos Oficiais”, leia-se Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, embora “Gigantes” do Setor, mas completamente incapazes de “Determinar” o Mercado, em seu todo esplendor, esquece-se, contudo, que foi ela mesma, Dilma Roussef, no seu Primeiro Ano de Governo, quem ascendeu as Taxas de Juros, via Banco Central, aos, até recentemente vigentes, 13%, causando ao País a atual Letargia, de que, agora, quer escapar.

Posta, ademais, em uma “Saia Justa”, tão logo herdou o Governo de Lula, e o seu ultimo ano, de “Farra Eleitoral” e Juros artificialmente Baixos, como não podia deixar de ser, em pleno Ano Eleitoral, de Emendas e Liberação de Verbas para o seu “Eleitorado”, mesmo diante da constante Crise Financeira Mundial, a Dilma, quem coube “Pagar a Conta”, parece, não resta outra Estratégia, a não ser essa, de “Jogar para a Galera”, enquanto, Discursa para o Povo, mas, na pratica, Governa para os Bancos, numa dita por ela mesma, “Lógica Perversa” que somente a Política, mesquinha e também perversa, totalmente “Ilógica”, pode explicar.

Mero Populismo: “--- e tome-lhe Juros Altos!”

Crônica originalmente publicada em www.paralerepensar.com.br

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