sábado, 1 de março de 2014

STF - Caiu a Última Defesa

A ação penal 470, popularmente conhecida como mensalão, parecia ser um divisor de águas da justiça no Brasil.
Depois de anos de investigações e análises, o Supremo estava finalmente julgando e condenando réus qualificados, personalidades conhecidas da vida pública, (banqueiros, publicitários, políticos dentre outros).
Dava até para sentir uma ponta de orgulho, é claro com uma natural desconfiança, afinal a ação ainda não chegara ao fim, havia muitos recursos para serem julgados.
Nossa justiça estava, a exemplo das côrtes do primeiro mundo, mandando um claro recado de que a impunidade no Brasil tinha seus dias contados.
Os senhores ministros dando seus longos e eruditos votos, transmitidos pela TV Justiça para quem tivesse tempo e paciência para assistir, gastando a vontade tempo e dinheiro do contribuinte.
Afinal, dizem, a justiça tem que ser cautelosa. Antes inocentar um culpado do que condenar um inocente, certo? Há controvérsias. Provas robustas são desqualificadas com facilidade. É difícil condenar até mesmo réus confessos em alguns processos.
Com a análise dos recursos da ação 470, e a nova tendência demonstrada pelo pleno do Supremo, motivada por maioria circunstancial, a coisa mudou e a decepção substituiu aquela euforia inicial. O Supremo, aparentemente estava se rendendo a pressão política.
Os ministros José Roberto Barroso e Teori Zavascki, que não participaram do inicio do processo, parecem ter sido nomeados sob encomenda, após a aposentadoria compulsória de seus predecessores, para mudar os rumos do processo, e fazer a balança da justiça pender para o lado oposto.
Anteriormente, a tese de que presos podiam sair da prisão para trabalhar fora, foi ganhando peso. Desculpem a minha ignorância jurídica, mas nunca ouvira falar disso antes. Fiquei sabendo quando José Dirceu arrumou um trampo, como gerente de hotel com um salário de C$ 20.000,00, que afinal não vingou. O hotel era parte da maracutaia.
Acho até que este dispositivo legal, tornado publico neste meio tempo, pode estimular muitos condenados a buscá-lo como direito. Estaria aí o Bruno goleiro abrindo a fila?
Voltamos à condição histórica conhecida. O Brasil continua sendo o país da impunidade, só que agora com um adendo. Somos também o país da chicana jurídica, e da falcatrua em alto nível, onde até mesmo ministros da suprema corte sucumbem à maracutaias, se valendo de argumentos ridículos, em rede nacional, e sem nenhum pudor, para livrar a cara de quadrilhas de engravatados.
A nossa justiça máxima sinaliza mal para um Estado que beira a desorganização social, onde bandos de criminosos prosperam no seio das instituições, e quando os presídios explodem de precariedade, sem conseguir exercer seu papel de contenção e socialização dos condenados.
Estamos caminhando para um estado de terror que avança célere, não só nas barbas da justiça, mas sob seu patrocínio indireto.
É a consolidação da tal justiça que só se faz valer para os pobres, pretos e as prostitutas, mas que se borra de medo de bater o martelo contra criminosos engravatados e de colarinho branco, exatamente como a justiça dos primórdios da republica.
Uma certeza cresce na cabeça de criminosos convictos e dos novos postulantes: Fazer uma fezinha no crime tem compensado bastante no Brasil.


                                                                          João Drummond


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